Enéada VI, 1, 14 — O "onde"
14. « Onde », é no Liceu ou na Academia. A Academia e o Liceu são, em todos os aspectos, lugares ou partes de um lugar, assim como o « alto », o « baixo » e o « aqui » são espécies ou partes do lugar, que se distinguem dele por serem mais determinadas. Se, portanto, o « alto », o « baixo » e o « centro » são lugares, como Delfos que está no centro, se o que está perto do centro é um lugar, como são Atenas, o Liceu e outros lugares, para que procurar outra categoria que não o lugar se, quando falamos desses lugares, significamos que, em cada caso, se trata de um lugar? Mas quando dizemos que uma coisa está em outra, não falamos mais de uma única coisa e não evocamos mais algo de simples. Além disso, se dizemos que este homem está aqui, fazemos aparecer uma relação, a deste homem com este lugar, a do receptáculo com o que ele recebe.
– Então, por que não falar de relativo, se algo nasce da relação de uma coisa com outra? E, além disso, por que « aqui » é diferente de « em Atenas »?
– Na verdade, responderão, « aqui » designa o que indica um lugar, de modo que é igualmente o caso de « em Atenas ». Assim, « em Atenas » pertence ao lugar. Além disso, se « em Atenas » significa « está em Atenas », a categoria do « está » é adicionada à do lugar. Ora, isso não é necessário. Da mesma forma, não se diz « é uma qualidade », mas apenas « qualidade ». De mais a mais, se o que está no tempo é algo diferente do tempo, e se o que está em um lugar é algo diferente do lugar, , por que « o que está em um vaso » não seria uma nova categoria, o que está na matéria outra e o que está em um substrato outra ainda? E por que não ocorreria o mesmo para a parte no todo, o todo nas partes, o gênero nas espécies, e a espécie no gênero? E assim multiplicaríamos as categorias.
