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Enéada VI, 1, 11 — A qualidade

11. – Mas então, se é assim, por que existem várias espécies de qualidade e por que há uma diferença entre os estados e as disposições? O fato de algo persistir ou não não faz diferença do ponto de vista da qualidade. Para proporcionar uma qualidade, basta uma disposição de qualquer tipo; o fato de persistir é um acréscimo que vem de fora.

– A menos que se pretenda que as disposições são, de certa forma, formas inacabadas, enquanto que os estados são formas acabadas.

– Mas se são formas inacabadas, ainda não são qualidades; e se já são qualidades, a sua persistência é apenas uma determinação adicional.

– As potências naturais, em que sentido são elas outra espécie de qualidade?

– Se, de fato, é como potências que elas são qualidades, a potência, como já foi dito, não se encontra em todas as qualidades. Mas é porque está disposto que dizemos que aquele que por natureza é apto para a briga tem essa qualidade, a adição do termo potência não serve para nada, uma vez que a potência se encontra nos estados. – Mas ainda: por que razão aquele que é pugilista em virtude de uma potência natural é diferente daquele que possui essa qualidade por um conhecimento?

– Se ambos possuem essa qualidade, não há diferença entre eles no que diz respeito a essa qualidade; se um possui essa qualidade porque se exercitou e o outro naturalmente, essa é uma diferença externa à qualidade.

– Mas do ponto de vista da própria forma da arte do pugilismo, como diferenciá-los?

– Mesmo que certas qualidades resultem de uma afeição e outras não, a origem da qualidade não as diferencia. Refiro-me às variedades e diferenças de qualidade. Poderíamos também perguntar, se é verdade que essas qualidades provêm de uma afeição, algumas provenientes de tal afeição e outras de outra, como reuni-las na mesma espécie. Além disso, se algumas são chamadas de qualidades porque provêm de uma afeição e outras porque produzem uma afeição, ambas terão em comum apenas o nome.

– E quanto à forma que está em cada coisa?

– Se se trata da forma que está em cada coisa, não é uma qualidade. Mas se é a forma que é posterior ao substrato e em virtude da qual um objeto é belo ou feio, é correto dizer que é uma qualidade.

– Quanto ao áspero, ao liso, ao denso e ao raro, convém dizer que são qualidades?

– Certamente não é a distância ou a proximidade entre as partes que torna algo raro ou denso; o áspero e o liso, por sua vez, nem sempre resultam da regularidade ou irregularidade da posição. Mesmo que resultem, nada impede que sejam qualidades. Quanto ao pesado e ao leve, o estudo desses termos mostrará onde eles devem ser colocados. No caso do leve, há homonímia se o termo não for usado para designar o mais e o menos indicados pela balança, uma vez que ele comporta em si o magro e o sutil, que se encontram em uma espécie diferente das quatro.

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