Enéada I, 1 — O Animado e o Homem

Plano do Tratado, segundo Gwenaëlle Aubry

Excerto da Tradução do Tratado 53, dentro da magnífica iniciativa de P. Hadot publicada pelas Editions Cerf.

O sujeito das paixões (pathos): três hipóteses

A (§2) Estudo da primeira hipótese: o sujeito das paixões é somente a alma

A alma, se ela é distinta do ser-alma, poderá ser o sujeito das paixões

A crítica do instrumentalismo

(§4) O sujeito das paixões é a mistura da alma e do corpo

A crítica da concepção estoica (Stoa) da mistura

O animal (zoon) e a alma

(§6) A teoria das potências

Potência e faculdade (dynamis)

O sujeito das paixões é uma terceira entidade, nascida da mistura do corpo e da potência emanada da alma.

A (§7, 6-23 e §8) Situação do “Nós”

(§7, 6-23) O “Nós”e o animal.

Multiplicidade do “Nós

O “Nós” e o Intelecto (noûs)

(§9) A impecabilidade da alma e a responsabilidade do “Nós”

A impecabilidade da alma superior (hole psyche)

Dualidade do “Nós”

Primeiro tipo de inconsciência: a infância

O problema do julgamento dos mortos (thanatos)

Resposta à questão reflexiva

Segundo Gwenaëlle Aubry (Traité 53), o Tratado 53 das Enéadas (Enéada I, 1) parece ser composto de duas partes distintas, das quais é difícil perceber, primeiro, o que as une. Esta dualidade se reflete no título dado por Porfírio ao tratado: “O que é o animal (zoon)? O que é o homem (anthropos)?”. Onde o grego “zoon” pode ser traduzido por “vivente”, pois não se aplica exclusivamente às espécies animais, incluindo humanos e deuses, embora excluindo plantas.

Se a segunda parte é realmente governada pela problemática do Primeiro Alcibíades (a que, no entanto, como veremos, Plotino sujeita a deslocamentos decisivos), a primeira é pela do De anima de Aristóteles. Ao fazê-lo, obedece ao processo, corrente em Plotino, de “pesquisa preliminar”: a questão platônica da essência do homem (que Plotino reformula como sendo a da natureza do ego ou, mais precisamente, do “nós” , de “hemeis”), só pode ser feita quando a questão aristotélica da união da alma (psyche) e do corpo (soma) for resolvida. Antes de decidir se o homem pode, como Platão deseja, ser identificado com a alma, ao invés do corpo, ou com a mistura (krasis) de alma e corpo, ainda é necessário determinar se a alma pode permanecer no estado separado, o que implica distinguir entre os atributos que lhe são próprios e aqueles que compartilha com o corpo.