====== Filebo 61a-64b — A vida mista, mistura de sabedoria e de prazer ====== Sócrates- Então, nenhum dos dois é o bem perfeito e desejável e universalmente aceito como tal. Protarco – Sem dúvida. Sócrates – Precisamos, pois, formar uma ideia clara do bem, ou, pelo menos, uma imagem aproximada, para saber, conforme declaramos há pouco, a quem conceder o segundo lugar. Protarco – É muito justo. Sócrates – Mas já encontramos um caminho que nos levará ao bem. Protarco – Qual é? Sócrates – Seria o caso de alguém andar à procura de uma pessoa, e obter, primeiro, a notícia exata de sua moradia: não constituiria isso um grande passo para achar que ele procurava? Protarco – Como não? Sócrates – Assim, também, nesse ponto nosso discurso nos indica, como já o fizera no começo, que não devemos procurar o bem na vida sem mistura, porém na mista. Protarco – Perfeitamente. Sócrates – Há esperança, portanto, de que o que procuremos se achará mais facilmente na vida bem misturada do que na que o não for. Protarco – Muito mais. Sócrates – Então, Protarco, iniciemos nossa mistura com uma invocação aos deuses, ou seja Dioniso ou Hefeso ou qualquer outra divindade o incumbido de prepará-la. Protarco – Perfeitamente. Sócrates – Como escanções, teremos duas fontes a nosso lado: com a doçura do mel pode ser comparada a fonte de prazeres, enquanto a da sabedoria, sóbria e nada inebriante, nos fornece uma água de gosto acre, porém saudável. Compete-nos, agora, preparar a mistura da melhor maneira possível. Protarco – Sim, façamos isso mesmo.